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O desfecho do caso Rodovias do Tietê

Por Equipe SameSide,
em 14/11/2019

No dia 26/06 divulgamos um artigo sobre as debêntures incentivadas e o caso da Rodovias do Tietê. Leia em https://aoseulado.com.br/debentures-incentivadas/.

Em 11/11/2019, o assunto teve um desfecho: depois que a Assembleia dos debenturistas de 08/11/2019 declarou vencimento antecipado, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial. Neste momento as debêntures valem algo próximo a zero. Talvez, após longas rodadas de negociação, reestruturação, injeção de capital, etc, em alguns anos estas debêntures voltem a ter algum valor significativo para os mais de 18.000 investidores que investiram nela, número este que consta no Pedido de recuperação judicial da empresa, no parágrafo 21. Até lá, estes 18.000 investidores vão conviver, sem ter muito o que fazer, com um ativo “micado”. Por alguns anos, não haverá nem como encerrar esta relação com a empresa e o investimento. A debênture estará lá…

Os problemas na empresa começaram em 2015. Demandaram ações já em 2017. Naquele ano, ela chamou os debenturistas pela primeira vez para negociar. De lá até o desfecho, foram nada menos que 20 assembleias de debenturistas para tentar renegociar: 1 em 2017, 7 em 2018 e 12 em 2019. Duas perguntas: os investidores pessoas físicas tiveram conhecimento de quantas dessas 20 assembleias? E participaram de quantas para defender seus interesses?

O que queremos destacar, especialmente, é o que ocorreu no mercado secundário com estas debêntures ao longo do tempo. Ou seja, como ocorreram as compras e vendas entre os investidores ao longo dos anos.

O gráfico abaixo mostra o histórico de preços médios negociados da debênture no mercado, até a data do último negócio, em 24/10/2019. Destacamos três pontos relevantes:

  1. A última vez que a empresa negociou a 100% do valor de face – sem desconto –, em novembro de 2016.
  2. A data da primeira Assembleia, que ocorreu mais de um ano depois do momento em que o mercado já começou a colocar no preço que havia alguma coisa andando errado na empresa. No dia desta Assembleia, a debênture já negociava a 70% do valor de face, ou seja, uma desvalorização de 30% em um ano.
  3. Em 24/10/2019 ocorre o último negócio com a debênture, a 15% do valor de face.
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Fonte: www.debentures.com.br

Igualmente interessante é analisar o que ocorreu com os spreads dos preços da debênture ao longo dos anos, medidos como a diferença entre o preço máximo e o preço mínimo negociado em um mesmo dia. É bastante interessante observar que a partir do momento que o preço da debênture começa a se deteriorar no mercado, os spreads aumentam. A partir de maio de 2017 até o final de dezembro de 2018, os spreads ficam sistematicamente acima de 10%, atingindo diversas vezes patamares de 20% ou mais.

O que isto significa? Muito simples: enquanto alguns que carregavam as debêntures desde o início começaram a vender por preços baixos, o intermediário que comprava já a vendia para outro investidor, este mais desavisado, por preços muito mais altos, ficando com spreads gordos. Ou seja, enquanto uns se livravam do pepino, outros compravam o pepino, e no meio um agente ganhava uma bela comissão, muitas vezes superior a 20%, para oferecer esta “ótima” oportunidade de investimento para um novo investidor, com dinheiro ganancioso em busca de retornos de 10%, 15%, 25%…. + IPCA.

Fonte: www.debentures.com.br

Caro investidor de Rodovias do Tietê. Neste momento, sugerimos que você encontre parceiros que estão ao seu lado para juntarem esforços na busca pela recuperação de parte do seu prejuízo. Infelizmente o jogo não acabou. Se você sair de campo, perderá. Se defender seus interesses, pode reverter, pelo menos parcialmente o seu prejuízo. Sozinho, você é pequeno. Em grupo você ganha força. Mas, obviamente, para correr atrás do prejuízo, você talvez terá que investir um pouco mais, seja tempo ou dinheiro.

Caros investidores em geral, este é só mais um exemplo de como funciona o mercado e dos riscos que existem, mesmo na renda fixa. As debêntures incentivadas são investimentos de longuíssimo prazo, geralmente acima de 10 ou 15 anos. Não faz sentido você emprestar seu dinheiro para estes projetos. Deixe este papel para os bancos ou investidores profissionais. A assimetria de informações é gigante, o potencial de ganho limitado e o potencial de perda gigante. Estes investimentos, geralmente, só são bons para as empresas que captam recursos baratos e para os bancos de investimentos que estruturam estas operações e ganham polpudas comissões. Às vezes, também são bem bons para os agentes que intermedeiam as operações entre investidores.

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