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Investindo em ações: Brasil? Exterior? Ou os dois?

          Quando começamos um relacionamento com um cliente, a maioria já tem algum tipo de fundo ativo de ações em carteira, gerido por um banco, ou algumas ações em suas carteiras. Alguns tem o perfil de operar mais ativamente um pedaço do seu patrimônio. 100% deles não sabem dizer o resultado do portfolio. E a imensa maioria só investe em ações no Brasil.

          Tem sido notícia recorrente que milhões de investidores pessoas físicas entraram na bolsa recentemente. Somente em 2020, mesmo diante da crise, mês após mês novos investidores começaram a alocar um pedaço do seu patrimônio em ações diretamente, sem contar os fundos de ações. São mais de 3 milhões de pessoas, o que é uma notícia ótima! Mercado de capitais forte é motor para o crescimento econômico sustentável. Todos os estilos de investimento são bem-vindos!

          No entanto, infelizmente, para nosso patrimônio, investir em ações somente no Brasil não nos expõe às melhores oportunidades. Não é segredo que grandes empresas brasileiras em fase de crescimento não possuem ações negociadas na nossa bolsa, como XP, Stone e PagSeguro, só para citar alguns exemplos. Estas, acessaram diretamente as bolsas de valores nos Estados Unidos, o principal fornecedor de capital para as empresas mundo afora.

          Somos grandes defensores de estratégias passivas compondo o portfolio do cliente, com baixo custo, ao lado de estratégias ativas, com maior potencial de retorno, maior risco e maior custo. Neste contexto, somos defensores de o cliente estar exposto ao investimento em fundos passivos que replicam, por exemplo, o S&P 500, um dos índices mais importantes do mercado norte-americano, além do Ibovespa.

          Este ano, enquanto o S&P 500 subia 45% até o fim de setembro, o Ibovespa caia 18%. Aqui dentro sempre estamos expostos a ruídos políticos que prejudicam nosso desempenho em relação ao exterior. E boa parcela do diferente desempenho vem do Câmbio, que desvalorizou 40% até o fim do ano. No entanto, mesmo excluindo o câmbio, o S&P 500 subiu 5% em 2020.

          Aqui, cabe salientar algumas diferenças estruturais das duas economias. A bolsa brasileira é formada por setores antigos, ou tradicionais. Nada contra eles… Mas, falta na nossa bolsa empresas representantes de setores como 1) comunicações; 2) saúde e 3) tecnologia. Estruturalmente, são setores pífios dentro da B3.

          O gráfico abaixo ilustra bem o abismo setorial que separa o S&P 500 (formado por cerca de 500 empresas) do Ibovespa (formado por cerca de 80 empresas).

gráfico

          Basicamente, as semelhanças são 3: empresas de consumo discricionário (aqui entram empresas como Amazon, Lojas Americanas, Via Varejo), bens industriais e imobiliário. E estes 3 setores representam apenas em torno de 20% dos seus respectivos índices.

          Por outro lado, os outros 80% são bastante diferentes. No Brasil, os grandes setores são o financeiro (bancos, B3, Cielo, etc), materiais (Klabin, Suzano, Gerdau, etc), energia (Petrobras, Cosan, Ultrapar, etc) e bens de consumo (BRF, JBS, Ambev, Carrefour, etc). Juntos, representam 65% do Ibovespa, sendo o setor financeiro o maior, com 26%. No S&P 500, estes mesmos setores representam apenas 22%.

          Por outro lado, o maior setor do S&P 500 já é o de tecnologia da informação, composto por empresas como Apple, Facebook, Microsoft, etc. Este setor já representa 28% lá, enquanto no Brasil é exatamente o oposto: o menor setor do Ibovespa, com apenas 1% de participação. Além disso, saúde é um importante setor nos Estados Unidos, e sozinho responde por 14% do índice. Aqui no Brasil, é um setor em ascensão, mas ainda possui somente 5% do índice.

          Outro setor importante lá é serviços de comunicação, que detém 11% de participação, enquanto aqui no Brasil atualmente é somente 2% , representado pela Vivo e pela TIM. As outras, ou fecharam o capital ou entraram em colapso, e diversas empresas de pequeno porte, especialmente de infra estrutura de comunicações, ainda não acessaram a bolsa.

       Assim, estes 3 grandes setores, que somam 53% do S&P 500, aqui no Brasil somam somente 8% do Ibovespa.

          E, casualmente, quais foram dois grandes setores que cresceram muito na pandemia? Tecnologia da Informação e Serviços de comunicação. Sobrou para nós brasileiros, somente, empresas que operam como Market place na Internet, como as varejistas

          Fica a conclusão: investir lá fora não é só investir em dólar, mas sim buscar setores que não existem na bolsa aqui no Brasil. Apesar da economia brasileira ser de serviços, a bolsa brasileira ainda é essencialmente industrial. É preciso diversificar fronteiras e setores. E o mais bacana de tudo, para quem tem poucos recursos: dá para comprar Bolsa no exterior através da bolsa brasileira, usando ETFs, com custo super baixo.

          Procure alguém que esteja Ao Seu Lado para lhe ajudar na alocação estratégica dos seus investimentos. E não deixe de fora da sua carteira investimento em ações no exterior. Invista também no Brasil, mas saiba que o mundo é bem mais amplo e possui ótimas oportunidades para o seu patrimônio.